La iglesia, como templo dedicado a Dios, es un lugar privilegiado de encuentro y acogida de los que sufren y de los que acuden a él en busca de abrigo
La Archidiócesis de Río de Janeiro investigará las circunstancias del operativo en el que policías militares utilizaron hoy una iglesia para disparar balas de goma y bombas de gas contra los manifestantes que protestaban por los recortes que debate el parlamento regional.
La concentración convocada frente a la sede de la Asamblea de Río de Janeiro, en el centro de la ciudad, contra el ajuste planteado por la administración estatal derivó en una batalla campal entre unidades de la policía militarizada y manifestantes.
En una segunda nota (la primera fue, más bien, tímida y provocó un alud de críticas contra el arzobispado), emitida por la archidiócesis de Rio de Janeiro, el arzobispo Orani Tempesta, manifiesta «su repudio por los lamentables hechos ocurrido», está a la espara de explicaciones de los Policía, asi como de la puesta en marcha de «un efectivo protocolo, para que un episodio de este tipo no se vuelva a repetir».
Por otra parte, el cardenal Tempesta pide a los políticos una «mayor rapidez» en la búsqueda de soluciones a los conflictos por los recortes y a los que «manifiestan sus angustas, tan grandes, que lo hagan siempre de modo pacífico, construyendo puentes de diálogo«.
Porque «el recurso a la violencia nunca es solución». Y añade: «Las efectivas soluciones brotan de la solidaridad, del diálogo y del sacrificio. Por muy grandes que sean los problemas, mayor debe ser nuestra capacidad de dialogar incansablemente, la fuerza de nuestra solidaridad y el cuidado para que los más pobres no se vean todavía más cargados con una dosis de sacrificio desproporcionado».
Por último, pide a los fieles rezar por «nuestra gran ciudad» y reitera que «la iglesia, como templo dedicado a Dios, es un lugar privilegiado de encuentro y acogida de los que sufren y de los que acuden a él en busca de abrigo».
La iglesia se encuentra justo al lado de la Asamblea Legislativa del Estado de Río de Janeiro (Alerj), donde se estaba votando un paquete de medidas de austeridad que había propiciado la protesta de numerosos funcionarios públicos en los alrededores.
El templo, construido en 1807 y de inspiración portuguesa, está protegido por el Instituto de Patrimonio Histórico y Artístico Nacional (Iphan).
Para calibrar el alvance de los hechos ocurridos en la iglesia de San José, pueden leer la crónica en portugués del periodista Mauro Lopes, en su web ‘Caminho pra casa’.
A cena, durante a manhã e parte da tarde de terça-feira (6) nunca havia sido vista no Brasil, nem no tempo da ditadura militar, quando agentes policiais chegaram a invadir templos para prender opositores do regime, mas sem que haja notícia de terem usado uma Igreja como plataforma para repressão em massa.
O episódio acontece em meio a uma onda crescente de violência das forças de segurança contra pessoas que saem às ruas pra protestar contra o governo que subiu ao poder em 31 de agosto depois de um golpe de Estado parlamentar contra a presidenta eleita Dilma Roussef, iniciado em 17 de abril com uma votação na Câmara dos Deputados.
O governo de Michel Temer, o presidente empossado pelo golpe, tem editado medidas econômicas que cortam drasticamente os programas sociais do governo federal, reformam a educação no país sem qualquer escuta a estudantes e professores, e finalmente, no mesmo dia da invasão da igreja, praticamente acabam com a Previdência Social no país (pelo projeto do governo, as pessoas só poderão se aposentar com 65 anos de idade e, daqui a alguns anos, apenas com 67, e só terão direito à aposentadoria integral depois de 49 anos de contribuição). O atual presidente e praticamente todos os membros de seu ministério são acusados de corrupção e seis deles já foram obrigados a pedir demissão por isto.
A cena da utilização da Igreja de São José pelas tropas causou enorme impacto e protestos generalizados. A Irmandade do Glorioso Patriarca São José, que administra o templo, cuja fundação remonta a mais de 400 anos, distribuiu nota na tarde de ontem relatando que «uma tropa da PM invadiu a Igreja pela porta dos fundos, de acesso dos empregados e, subindo às sacadas, no 2º andar, de lá de cima jogavam bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral e gás pimenta». Segundo a nota, os manifestantes, «se revoltaram» com a cena e começaram a lançar pedras contra os PMs encastelados nas sacadas. Os dirigentes da entidade procuraram as autoridades para protestar contra a invasão e prestar queixa formal.
No final da nota, a Irmandade solicitou que a Arquidiocese do Rio orientasse o «caminho a seguir» para que «nossa imagem, católica e pacifista, não fique atrelada a desmandos da Policia local». Não foi o que aconteceu. Depois de pressão de lideranças católicas leigas, a Arquidiocese distribuiu uma nota no fim da tarde sem qualquer menção à invasão da Igreja pela PM, fazendo referência apenas a «uma ação relacionada aos protestos desta manhã» e dizendo que iria «apurar os fatos».
A nota gerou protestos de dezenas de pessoas na página da Arquidiocese no Facebook. O cardeal arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, limitou-se a declarar que o episódio fora «lamentável» em breve entrevista a um jornal carioca no começo da noite, mas sem qualquer condenação à ação da PM.
Dom Orani esteve recentemente no noticiário brasileiro quando liderou uma comitiva de bispos em visita a Michel Temer no Palácio da Alvorada -residência oficial dos presidentes no Brasil. A visita ocorreu exatamente no dia em que se votava na Câmara dos Deputados a emenda constitucional que congela por 20 anos todos os gastos públicos, especialmente os da saúde e educação -o único gasto não congelado foi o pagamento dos juros dos títulos da dívida pública aos bancos e rentistas. A visita, sob alegação de que iria tratar de assuntos relativos à Rede Vida (uma emissora de TV católica), acabou servindo como símbolo do apoio dos segmentos mais conservadores da Igreja ao governo oriundo do golpe.